Há redes de apoio formais como a familiar ou instituição de trabalho, profissional. Há redes informais como os amigos, as redes sociais, mas também as redes virtuais, e todas são redes de apoio, todas essenciais. O apoio não vem só dos humanos, até hoje recordo o quanto me senti grande, o quanto me elevei no alto de uma árvore em que via e não era visto. De cima, todos me pareciam pequenos.

O apoio está na natureza, sou empolgado com o Jardim Botânico que durante a semana está vazio e sábado pela manhã. Caminho só, mas acompanhado pelas milhares de árvores que já me conhecem. Há redes de apoio invisíveis e pelo meu nome aprendi que o invisível é essencial sempre. Logo, relações virtuais não são problema, às vezes são a solução.

Outro dia felicitei um amigo virtual de outro estado que nunca vi, fiquei surpreso quando me respondeu dizendo que para ele eu era um amigo real. Nesta madrugada, tive um pesadelo como se fosse para contrabalançar um pouco tanta felicidade com a quantidade de mensagens amorosas que recebo quando escrevo. Incrível é o ser humano, há em todos uma dimensão masoquista que não é pequena. Tudo bem, aceitei e não tardei em adormecer, mas logo associei ao espetacular dia de ontem. Muito obrigado, gente tão querida e bondosa. Cada vez mais desejo aprender a escrever, criar novos caminhos de escrita.

Há muitos anos, li um tratado de virtudes, e de todas foi a gratidão que mais me chamou a atenção. É a mais simpática das virtudes, a mais agradável, no entanto a gente sabe que nem sempre é fácil ser grato ou encontrar gente grata. A gratidão é leve, ilumina com os sons de Mozart, Mercedes e Chico, porque há neles alegria de viver. Agradecer é dar e dividir tanto as conquistas como os fracassos. Que bom dizer ao outro “muito obrigado, agora estou melhor”. Aliás, um dia um desconhecido telefonou para dizer que estava no fundo do poço. Escutei um pouco sua história e combinamos de ele ligar na semana seguinte. Ligou e perguntei como estava, ele disse: “Sigo no fundo do poço, mas agora já sentado num banquinho”. Um laço novo cria um banquinho, uma mão, um alívio, através de palavras ou da escuta do sofrimento do outro.

Há uns seis anos, comecei a frequentar o mundo das redes e não saí mais. Aos poucos fui entendendo que as redes sociais são redes de proteção. Redes que não eliminam os sofrimentos, nada elimina, que não resolvem a solidão, mas atenuam. Redes em que a gente se encontra, se perde e volta a se encontrar. Já escutei psicanalistas que não ingressam nas redes – e têm seus motivos, alguns até razoáveis – mas para mim as redes são terapêuticas. Quantas vezes aqui se publicam poesias, músicas, frases marcantes e muito mais. Essa madrugada, ao amanhecer, já lia sem querer a história da incrível Elizeth Cardoso, que eu não conhecia. Aqui, nos últimos meses, construí uma amizade nova a partir de comentários de poemas e poesias, nos quais encontrei pérolas da literatura.

Gente amiga, ontem e todo dia, a gente se encontra nas redes de apoio, estamos mais seguros aqui. Desejo expressar a cada amiga, a cada amigo ou amigues, um muito obrigado pelas palavras luminosas que escrevem. Por fim: tive a chance de deitar num divã portenho e num gaúcho, ambos foram espaços de apoio. Agora estou na rede e espero seguir, pois essa é uma instituição, uma rede de apoio. Obrigado e Shabat Shalom.

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Ilustração: Mihai Cauli
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