O premiado jornalista Seymour Hersh publicou recentemente o que seria uma perfeita novela de espionagem, não fosse o farto material pesquisado para demostrar que os Estados Unidos e a Noruega explodiram os gasodutos que não passavam pela Ucrânia, para levar gás russo para a Alemanha e outros países europeus. A operação foi executada em conjunto pelas marinhas americana e norueguesa durante as manobras da OTAN no Báltico. Halley Margon traduziu e o Terapia Política está publicando extratos selecionados do artigo publicado no dia oito de fevereiro na excelente revista Contexto y Acción – CTXT, em que foi divulgada com riqueza de detalhes a operação que, de certa forma, dá uma nova perspectiva para analisar as relações dos Estados Unidos com a Rússia neste contexto de pós-pós-Guerra Fria.
Extratos da reportagem de Seymour Hersh: “Como os Estados Unidos destruíram os gasodutos Nord Stream”
O Centro de Mergulho e Salvamento da Marinha dos EUA fica em um lugar tão desconhecido quanto seu nome: antes era apenas uma estrada rural de Panamá City, uma cidade turística em expansão no noroeste da Flórida, a 112 quilômetros ao sul da fronteira com o Alabama. O prédio que abriga o centro é tão anódino quanto sua localização: uma monótona estrutura de concreto pós-Segunda Guerra Mundial com a aparência de um instituto de formação profissional do West Side de Chicago. Do outro lado do que agora é uma rodovia de quatro pistas, há uma lavanderia e uma escola de dança. (…)
Em junho passado, os mergulhadores da Marinha, operando sob a cobertura de um exercício da OTAN amplamente divulgado e conhecido como BALTOPS 22, segundo uma fonte com conhecimento direto do planejamento da operação, colocaram os explosivos que, quando ativados por controle remoto três meses depois, destruíram três dos quatro gasodutos Nord Stream.
Dois dos gasodutos, conhecidos como Nord Stream 1, há mais de uma década estavam fornecendo gás natural russo para a Alemanha e grande parte da Europa Ocidental. O segundo par de gasodutos, denominados Nord Stream 2, foi construído, mas ainda não estava operacional. (…)
Quando solicitada a comentar esta história, Adrienne Watson, porta-voz da Casa Branca, disse em um e-mail: “Isso é uma ficção falsa e completa”. Tammy Thorp, porta-voz da Agência Central de Inteligência (CIA), escreveu quase o mesmo: “Esta afirmação é completa e totalmente falsa.”
A decisão de Biden de sabotar os gasodutos ocorreu após mais de nove meses de debates ultrassecretos na comunidade de Segurança Nacional de Washington sobre a melhor forma de atingir esse objetivo. Durante grande parte desse tempo, a questão não era se havia que levar a cabo a missão, mas como fazê-lo sem deixar nenhuma pista sobre quem era o responsável.
Havia uma razão burocrática vital para confiar nos graduados da exigente escola de mergulho de Panamá City. Os mergulhadores eram da Marinha, e não membros do Comando das Forças Especiais dos EUA, cujas operações secretas devem ser informadas ao Congresso e comunicadas com antecedência aos líderes do Senado e da Câmara. (…) Essa rota direta dos gasodutos evitava passar pela Ucrânia, e foi uma bênção para a economia alemã, que desfrutava de gás natural russo abundante e barato, o suficiente para operar suas fábricas e aquecer suas casas, enquanto permitia aos distribuidores alemães vender o gás excedente, de forma lucrativa, em toda a Europa Ocidental. (…)
Desde o início, Washington e seus sócios anti-russos da OTAN consideraram o Nord Stream 1 como uma ameaça ao domínio ocidental. A holding que o sustenta, a Nord Stream AG (presidida pelo ex-chanceler alemão Gerhard Schroeder, amigo pessoal de Putin), foi formada na Suíça em 2005, em parceria com a Gazprom, uma empresa russa de capital aberto que gera enormes lucros para seus acionistas, dominada por oligarcas conhecidos pela subserviência a Putin. (…)
O Nord Stream 1 já era perigoso o suficiente, na visão da OTAN e de Washington, mas o Nord Stream 2, concluído em setembro de 2021, se aprovado pelos reguladores alemães, dobraria a quantidade de gás disponível para a Alemanha e a Europa Ocidental. O segundo gasoduto também forneceria gás suficiente para cobrir mais de 50% do consumo anual da Alemanha. As tensões entre a Rússia e a OTAN continuaram a aumentar, respaldadas pela agressiva política externa do governo Biden. (…)
O governo americano vacilava. Em meados de novembro, os americanos tiveram um alívio, quando os reguladores alemães suspenderam a aprovação do segundo gasoduto. Os preços do gás natural subiram 8% em poucos dias, em meio a crescentes temores na Alemanha e na Europa de que a suspensão do gasoduto e a possibilidade cada vez maior de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia provocassem um frio invernal bem pouco desejável. Washington ainda não tinha certeza da postura do recém-nomeado chanceler alemão, Olaf Scholz. (…)
Neste mesmo período, as tropas russas foram se posicionando de forma constante e ameaçadora nas fronteiras da Ucrânia e, no final de dezembro, mais de 100.000 soldados estavam em posição de atacar a partir da Bielorrússia e da Crimeia. O alarme crescia em Washington; Blinken calculou que o envio de tropas poderia “dobrar em pouco tempo”.
A atenção da Administração voltou a se concentrar no Nord Stream. Enquanto a Europa seguisse dependendo de gasodutos para obter gás natural barato, Washington temia que países como a Alemanha relutassem em fornecer à Ucrânia o dinheiro e as armas necessárias para derrotar a Rússia.
Foi nesse momento de inquietude que Biden autorizou Jake Sullivan a reunir um grupo interagências para bolar um plano.
Todas as opções devem estar sobre a mesa. Mas apenas uma prevaleceria.
Planificação
Em dezembro de 2021, dois meses antes dos primeiros tanques russos entrarem na Ucrânia, Jake Sullivan convocou uma reunião de um grupo de trabalho recém-formado – homens e mulheres do Estado-Maior Conjunto, da CIA e dos Departamentos de Estado e do Tesouro – e pediu recomendações sobre como responder à iminente invasão de Putin.
Seria a primeira de uma série de reuniões altamente secretas, em uma sala no último andar do Old Executive Office Building, adjacente à Casa Branca, que também era a sede do President’s Foreign Intelligence Advisory Board (PFIAB). (…)
Durante as reuniões subsequentes, os participantes debateram as opções de ataque. A Marinha propôs o uso de um submarino recém-lançado para atacar diretamente o gasoduto. A Força Aérea discutiu a possibilidade de lançar bombas com espoletas retardadas que poderiam ser detonadas à distância. A CIA argumentou que, fizesse o que se fizesse, teria que ser encoberto. Todos os envolvidos entenderam o que estava em jogo. “Isso não é coisa de criança”, disse a fonte. Se o ataque pudesse ser rastreado até os Estados Unidos, “seria um ato de guerra”. (…)
O que veio a seguir foi assombroso. Em 7 de fevereiro, menos de três semanas antes da aparentemente inevitável invasão russa da Ucrânia, Biden se reuniu em seu escritório na Casa Branca com o chanceler alemão Olaf Scholz, que, após alguma hesitação, agora atuava firmemente ao lado dos americanos. Na entrevista coletiva que se seguiu, Biden declarou desafiadoramente: “Se a Rússia invadir … não haverá mais Nord Stream 2. Vamos acabar com isso.”
Vinte dias antes, a subsecretária Nuland havia transmitido essencialmente a mesma mensagem em uma reunião do Departamento de Estado, com escassa cobertura da imprensa. “Quero ser muito clara com vocês”, disse em resposta a uma pergunta. “Se a Rússia invadir a Ucrânia, de uma forma ou de outra o Nord Stream 2 não seguirá adiante.”
Vários dos envolvidos no planejamento da missão do gasoduto estavam consternados pelo que consideraram referências indiretas ao ataque.
“Era como colocar uma bomba atômica numa rua de Tóquio e dizer aos japoneses vamos detoná-la”, disse a fonte. “O plano era que as opções fossem executadas após a invasão e não fossem anunciadas publicamente. Biden simplesmente não entendeu ou ignorou.”
O plano para explodir o Nord Stream 1 e 2 repentinamente deixou de ser uma operação secreta que requeria informar ao Congresso para ser considerada uma operação de inteligência ultrassecreta com apoio militar dos EUA. Segundo a lei, explicou a fonte, “não havia mais a obrigação legal de relatar a operação ao Congresso. Tudo o que eles tinham que fazer agora era simplesmente executá-lo, mas ainda assim tinha que ser secreto. Os russos mantêm uma vigilância superlativa no Mar Báltico.”
Os integrantes da força-tarefa da Agência não tinham contato direto com a Casa Branca e estavam ansiosos para saber se o presidente estava falando sério – ou seja, se a missão estava em andamento. A fonte relata: “(O ex-embaixador) Bill Burns volta e diz: ‘Faça’”.
A operação
A Noruega era o lugar perfeito para ser a base da missão.
Uma base de submarinos dos EUA recém-reformada, com anos de construção, entrou em operação e agora mais submarinos norte-americanos podiam trabalhar em estreita colaboração com seus colegas noruegueses para vigiar e espionar um importante reduto nuclear russo a cerca de uns 400 quilômetros a leste, na península de Kola. Os Estados Unidos também ampliaram uma base aérea norueguesa no norte e forneceram à força aérea norueguesa uma frota de aviões de patrulha P8 Poseidon fabricados pela Boeing para reforçar sua espionagem de longo alcance sobre tudo o que seja relacionado com a Rússia. (…)
De volta a Washington, os planejadores sabiam que tinham que ir a Noruega. “Eles odeiam os russos, e a marinha norueguesa está cheia de excelentes marinheiros e mergulhadores que têm gerações de experiência na muito lucrativa exploração de petróleo e gás em alto mar”, explica a fonte. Também eram confiáveis para manter a missão em segredo. (É possível que os noruegueses também tivessem outros interesses. A destruição do Nord Stream – se os americanos o conseguissem – permitiria à Noruega vender muito mais de seu próprio gás para a Europa.)
Em algum momento de março, alguns membros da equipe voaram para a Noruega para se encontrar com o Serviço Secreto e a Marinha noruegueses. Uma das questões-chave era qual ponto exato no Mar Báltico era o melhor para colocar os explosivos. Nord Streams 1 e 2, cada um com dois conjuntos de tubos, estavam separados em grande parte do trajeto por pouco mais de um quilômetro e meio no seu percurso até o porto de Greifswald, no extremo nordeste da Alemanha. (…)
Depois de alguma investigação, os americanos se decidiram.
Nesse ponto, voltou à cena o obscuro grupo de mergulho profundo da Marinha de Panamá City. A escola de águas profundas, cujos ex-alunos participaram de Ivy Bells, é vista como um local rural isolado e pouco atraente para os graduados de elite da Academia Naval de Annapolis, que normalmente buscam a glória de serem designados a Seals, piloto de caça ou submarinista. Se alguém precisa se converter em um “sapato preto” – isto é, um membro do nada apetitoso comando de navios de superfície – sempre haverá pelo menos uma vaga em um contratorpedeiro, cruzador ou navio anfíbio. A menos glamorosa de todas é a guerra de minas. Seus mergulhadores nunca aparecem em filmes de Hollywood nem nas capas das revistas populares. (…)
Os noruegueses e os americanos tinham a localização e os agentes, mas havia outra preocupação: qualquer atividade subaquática incomum nas águas de Bornholm poderia chamar a atenção das marinhas sueca ou dinamarquesa, que poderiam denunciá-la. (…)
Os noruegueses foram fundamentais para resolver outros obstáculos. Era sabido que a marinha russa possuía tecnologia de vigilância capaz de detectar e ativar minas subaquáticas. Os artefatos explosivos americanos tinham que ser camuflados para que o sistema russo os visse como parte do fundo natural, o que exigia uma adaptação à salinidade específica da água. Os noruegueses tinham uma solução.
Os noruegueses também tinham uma solução para a questão crucial de quando a operação deveria ocorrer. Há 21 anos, todo mês de junho, a Sexta Frota dos EUA, cuja nau capitânia está baseada em Gaeta (Itália), ao sul de Roma, patrocina um grande exercício da OTAN no mar Báltico envolvendo dezenas de navios aliados de toda a região. O exercício daquele ano, a ser realizado em junho, foi batizado de Baltic Operations 22, ou BALTOPS 22. Os noruegueses sugeriram que essa seria a cobertura ideal para a colocação das minas.
Os americanos aportaram um elemento vital: convenceram os planejadores da Sexta Frota a acrescentar ao programa um exercício de pesquisa e desenvolvimento. O exercício, como a Marinha tornou público, envolvia a Sexta Frota na colaboração com os “centros de pesquisa e guerra” da Marinha. O evento no mar se celebraria na costa da ilha de Bornholm e contaria com equipes de mergulhadores da OTAN colocando minas, com equipes concorrentes usando a mais recente tecnologia subaquática para encontrá-las e destruí-las.
Tratava-se tanto de um exercício útil como de uma engenhosa cobertura. Os garotos de Panamá City fariam o seu trabalho e os explosivos C4 seriam colocados no final do BALTOPS22, com um temporizador de 48 horas. Os americanos e noruegueses já teriam deixado o local antes da primeira explosão.
Os dias estavam em contagem regressiva. “O relógio avançava e nos aproximávamos da hora da missão”, lembra a fonte. (…)
Alguns membros da equipe de planejamento estavam zangados e frustrados com a aparente indecisão do presidente. Os mergulhadores de Panamá City haviam praticado repetidamente a colocação do C4 nos tubos, como fariam durante o BALTOPS, mas agora a equipe norueguesa tinha que encontrar uma maneira de dar a Biden o que ele queria: a possibilidade de emitir um mandado de execução na hora que ele escolhesse.(…)
Os americanos que trabalhavam na Noruega (…) começaram a lidar disciplinadamente com o novo problema: como detonar remotamente explosivos C4 por ordem de Biden. Era uma tarefa muito mais exigente do que eles pensavam em Washington. A equipe norueguesa não podia saber quando o presidente apertaria o botão. Seria em algumas semanas, em alguns meses, ou em meio ano ou mais?
O C4 ligado aos gasodutos seria ativado por uma boia sonar lançada por um avião pouco antes, mas o procedimento exigia a mais avançada tecnologia de processamento de sinal. Uma vez instalados, os dispositivos de temporização retardada fixados a qualquer um dos quatro dutos poderiam ser acidentalmente ativados pela complexa mistura de ruídos do fundo do Mar Báltico, de tráfego intenso, procedentes de navios próximos e distantes; perfurações subaquáticas; fenômenos sísmicos; ondas e até criaturas marinhas. Para evitar isso, a boia sonar, uma vez posicionada, emitiria uma sequência única de sons tonais de baixa frequência – muito semelhantes aos emitidos por uma flauta ou um piano – que seriam reconhecidos pelo temporizador e, após algumas horas de retardo pré-estabelecido, ativariam os explosivos. (…)
Em 26 de setembro de 2022, um avião de vigilância P8 da Marinha Norueguesa fez um voo aparentemente rotineiro e lançou uma boia sonar. O sinal se propagou debaixo d’água, inicialmente para Nord Stream 2 e depois para Nord Stream 1. Em poucas horas, explosivos C4 de alta potência foram ativados e três dos quatro dutos foram colocados fora de serviço. Em minutos, poças de gás metano que restaram nos gasodutos destruídos podiam ser vistas se espalhando pela superfície da água, e o mundo soube que algo irreversível havia acontecido.
As repercussões
Imediatamente após o atentado contra o gasoduto, a mídia dos EUA tratou-o como um mistério não resolvido. A Rússia foi repetidamente citada como a provável culpada, após os vazamentos calculados da Casa Branca, mas sem nunca estabelecer um motivo claro para tal ato de autossabotagem, além do castigo à Europa. Alguns meses depois, quando se soube que as autoridades russas haviam buscado discretamente estimativas do custo do reparo dos gasodutos, o New York Times resumiu a notícia como “teorias complicadas sobre quem estava por trás” do ataque. Nenhum grande jornal americano investigou as ameaças feitas anteriormente por Biden e a subsecretária de Estado Nuland.
Embora nunca tenha ficado claro por que a Rússia desejaria destruir seu próprio e lucrativo gasoduto, o secretário de Estado Blinken ofereceu uma justificativa reveladora para a ação ordenada pelo presidente.
Questionado em uma coletiva de imprensa em setembro passado sobre as consequências do agravamento da crise energética na Europa Ocidental, Blinken descreveu o momento como potencialmente bom:
“É uma oportunidade única para eliminar de uma vez por todas a dependência da energia russa e, assim, privar Vladimir Putin da arma da energia como meio de avançar em seus desígnios imperiais. Isso é muito importante e oferece uma tremenda oportunidade estratégica para os próximos anos, entretanto estamos determinados a fazer tudo o que pudermos para garantir que as consequências de tudo isso não sejam sofridas pelos cidadãos de nossos países e, aliás, do mundo inteiro.”
Mais recentemente, Victoria Nuland manifestou a sua satisfação pelo desaparecimento do mais recente dos gasodutos. Em uma aparição perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado no final de janeiro, ela disse ao senador Ted Cruz: “Como você, estou muito satisfeita, e acho que o governo também, em saber que o Nord Stream 2 é agora, como você gosta de dizer, apenas um pedaço de metal no fundo do mar”.
A fonte usa uma expressão muito mais coloquial para descrever a decisão de Biden de sabotar mais de 1.500 milhas do gasoduto russo-europeu justo quando o inverno se aproximava. “Bem”, disse ele, falando do presidente, “tenho que admitir que o cara tem colhões. Ele disse que ia fazer, e fez.”
Quando lhe perguntei por que ele achava que os russos não haviam respondido, ele disse cinicamente: “Talvez eles esperem ter a capacidade de fazer o mesmo que os Estados Unidos fizeram”.
“É uma bela história de primeira página”, conclui a fonte. “Por trás disso estava uma operação secreta que colocou especialistas no terreno e equipamento que funcionou com comunicações criptografadas”.
“A única falha foi na decisão de fazê-lo.”
Clique aqui para ler o artigo completo em espanhol publicado pela Revista CTXT – traduzido do original em inglês no Substrack.
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Os artigos representam a opinião dos autores e não necessariamente do Conselho Editorial do Terapia Política.
Tradução: Halley Margon
Ilustração: Mihai Cauli e Revisão: Celia Bartone
Leia também “O invisível sarcasmo na guerra da Ucrânia“, de Halley Margon.