• A ordem neoliberal parece estar entrando em colapso. Uma geração de jovens ativistas está tentando garantir que seja substituída pelo populismo progressista, não pela direita fascista. (Andrew Marantz).

Joe Biden tem adotado políticas que ultrapassam o que se esperava de um político com fama de democrata moderado, com clara inclinação à esquerda, seja em matéria de economia, com uma intervenção pública da escala de um new deal, seja em outros temas como o das mudanças climáticas. Estamos assistindo a um grande realinhamento à esquerda?

É o que esse artigo de Andrew Marantz na New Yorker tenta responder, inicialmente analisando as novas tendências internas do partido democrata como o grupo “Justice democrats”, que foi o responsável pela eleição de Alexandria Ocasio-Cortez para a Câmara de deputados dos EUA e, ano passado, por sua reeleição junto com a de novos deputados de uma esquerda do partido democrata que não tem medo de se denominar socialista.

Para Marantz o grande objetivo dessas tendências é viabilizar um realinhamento ideológico, o que iria ao encontro da tese, também analisada pelo artigo, do historiador Gary Gerstle (de Cambridge), sobre as eras políticas. Segundo Gerstle estamos assistindo ao colapso da era neoliberal (que por sua vez irrompeu após o colapso da era do new deal). Seu conceito de ordem política (com os valores predominantes em cada uma delas) é interessante para explicar porque presidentes conservadores não mexeram em programas progressistas durante a era do new deal enquanto presidentes democratas não quiseram ou não puderam implementar agendas progressistas durante a era neoliberal. Talvez seja esta a mesma razão que levou Biden (depois que sua campanha formou num grupo de trabalho com a campanha de Bernie Sanders) a concorrer com um programa que, em certos temas (como o das mudanças climáticas) é mais a esquerda (não apenas do que era de se esperar de seu histórico moderado) do que o programa de Sanders em 2016.

Será que essa tendência é firme? Será que resiste à tendência de mudança de maioria nas eleições de meio de mandato para a câmara de deputados dos EUA? É cedo para dizer, mas é bom saber que existem alternativas.

Na gênese da criação de alguns dos grupos e tendências tratados no artigo há algo de comum com a origem desse blog mas isso, como diz o famoso colunista, é outra história.

Clique aqui para ler o artigo da New Yorker.

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