Algumas pílulas das mais de 500 frases de impacto criadas de improviso e reproduzidas no livro “Faíscas verbais – A genialidade na ponta da língua”, do autor.

Não é de hoje…

O presidente Lula continua em sua cruzada para convencer, em especial o empresariado e boa parte da classe média, de que os gastos com ações governamentais que beneficiam a base da pirâmide social não são despesas e, sim, investimentos. Um dos momentos em que ele mais se empenhou foi durante maior crise financeira da história, a de 2008.

Em novembro daquele ano, realizava-se no Palácio do Planalto mais uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O então ministro da Fazenda, Guido Mantega, discursava, dizendo que o governo estava tomando todas as medidas necessárias para enfrentar a crise, investindo mais ainda em obras de infraestrutura, em programas sociais, reduzindo impostos para estimular o consumo, etc. De repente, com a garganta seca, começa a pigarrear. O presidente Lula, para a surpresa de todos, na mesma hora levanta-se, pega um copo d’água, cruza o salão e coloca no “púlpito” em que o ministro estava falando. Mantega dá um gole e comenta:

– Como os senhores puderam comprovar, o presidente Lula está fazendo de tudo para irrigar a economia.

O poder

Uma das constatações dos estudiosos é a de que ‘quem detém o poder econômico detém também o poder político’. E não é só no plano da sociedade. O fenômeno pode ser observado igualmente nas relações familiares, especialmente em lares onde o pão não é farto. O filho, ou outro membro qualquer da família, que trabalha e ganha bem, bancando a maioria das despesas da casa, é ouvido, suas opiniões são respeitadas e acatadas. Do filho desempregado ninguém quer saber o que acha nem se acha alguma coisa. Essa teoria, que exigiu muita queimação de pestana de cientistas políticos e sociais para ser formulada, foi expressa sabiamente, e de maneira metafórica, por uma mulher no Rio de Janeiro, ao responder na rua à pergunta de um repórter do jornal O Globo (caderno Retratos do Rio, da edição de 26/05/01). O jornal nem publica o seu nome, identificando-a apenas como moradora do bairro de Botafogo. Quando o jornalista pergunta a ela quem mandava em casa, a resposta sai de bate-pronto:

– O que define tudo é o dinheiro. Se você está botando comida dentro de casa, seu marido nem dá opinião. Mas quando ele compra, já começa a controlar o cardápio.

Bandidos

E já que estamos em clima de carnaval, vai aqui uma tirada que tem a ver com os festejos de Momo. Em 2007, a inspetora da Polícia Civil do Rio e deputada federal Marina Maggessi participava do carnaval na Bahia, onde estava havendo um número recorde de arrastões, roubos e homicídios. Quando lhe perguntaram se no Rio não acontecia o mesmo durante o carnaval, ela foi muito franca:

– Lá no Rio fica tudo tranquilo. Todos os bandidos estão desfilando nas escolas de samba.

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Os artigos representam a opinião dos autores e não necessariamente do Conselho Editorial do Terapia Política. 

Ilustração: Mihai Cauli e Revisão: Celia Bartone
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