Este é o jornal da Grafar, associação informal de humoristas gaúchos. O movimento nasceu no início dos anos 70. Éramos meninos em torno de 20 anos, seguidores de Sampaulo, Sampaio, Canini, Carlos Nobre, Luís Fernando Veríssimo, Tarso de Castro e do pai de todos, Apparício Torelly, o barão de Itararé. Vários foram contratados pelos jornais locais. Os dois maiores diários abriram páginas aos sábados para amadores e a coisa brotou feito cogumelo. Apareceram dezenas de humoristas “prontos”.
Fizemos exposições em praças e em galerias, publicamos muitos livros coletivos e individuais (o primeiro livro da poderosa editora L&PM foi o Rango 1, do Egdar Vasques). E se criaram nomes internacionais, como o Vasques e o premiadíssimo Santiago.
Décadas depois, aqui está o Grifo n° 3, com artistas de muitas gerações, dos setentões a, novamente, a piazada de 20 e picos.
Deste número destacarei apenas um desenho, no alto da página 2. Não é do grupo. É do Jota Camelo, um vigoroso combatente anti fascismo. Neste lírico cartum, que elegemos o melhor de 2020, está a melhor representação das perdas pessoais nesta crise sanitária. Comovente.
E como identificamos Jair Messias Bolsonaro como o grande culpado pelas 210 mil mortes até agora, incentivador da contaminação, sabotador das soluções, protelador das decisões, esta é uma edição de pau puro.
Temos aqui chargistas e cartunistas, pessoal de texto e os que desenham e escrevem, porque, nestes dias tenebrosos sentimos necessidade de usar todas as linguagens contra o fascismo, o negacionismo sanitário e a ignorância orgulhosa de si e de seus mitos.
Enfim, senhoras e senhores, eis aqui outra amostra de que o humor sulista não é feito só do nosso delicioso deboche. Também chutamos de bico no tornozelo.
Leia o jornal: https://issuu.com/grifo-grafar/docs/grifo3