O autor apresenta um dossiê robusto, com mais de 20 indicadores econômicos, que evidencia de forma clara e contundente que o Brasil avança firmemente rumo ao crescimento sustentável. Com uma análise precisa e elegante, o artigo refuta o discurso alarmista e especulativo dos analistas financeiros, desmistificando o massacre de pessimismo que tem dominado o cenário econômico.
Tudo parecia estar indo bem. As Forças Armadas comportadas, como deve ser. O Congresso satisfeito com o crescimento exponencial dos recursos desviados do orçamento público para suas emendas, que atingiram a cifra estratosférica de R$ 50 bi, em 2024. Os lobbies atuando como sempre para a preservação dos interesses dos poderosos. Liberdade cambial como nunca antes vista. E proliferação das fake news.
Levantamentos recentes da agência AtivaWeb, comandada pelo especialista em marketing digital, Alek Maracajá, apontam que, desde março de 2023, o crescimento de Lula nas redes sociais está estacionado. No mesmo período, Jair Bolsonaro conseguiu 1,8 milhão de novos seguidores. Ele afirma que, em tempos de polarização, a comunicação digital de um líder político como Lula precisa de “muito mais do que discursos bem-intencionados”. Além disso, Maracajá afirma que o presidente e o governo federal precisam de uma gestão de crise mais afiada.
Diz ele: “Um planejamento digital estruturado não se refere apenas a postar. Trata-se de construir uma narrativa que conecte Lula a diferentes bolhas sociais, desde o jovem da periferia até o empresário progressista. Contar histórias autênticas que humanizem sua figura e gerem engajamento genuíno é a chave para expandir sua base e manter relevância […] dialogar com múltiplas bolhas em meio à polarização”.
O país, seguindo a trajetória do mundo, está indo cada vez mais em direção à direita. A pauta de costumes, a bancada evangélica, a bancada da bala, a bancada do agro, todos conseguindo apoio eleitoral, o que ficou patente nas eleições municipais.
Nos EUA, o governo Biden fracassou. Nem tanto pela economia. Muito pela carestia e porque o povo americano não acredita mais na globalização, na democracia e nas políticas públicas. Aqui no Brasil, fenômeno parecido está ocorrendo.
Apesar de o governo Lula ter recebido terra arrasada de Paulo Guedes e Bolsonaro, conseguiu levar a cabo políticas públicas que favoreceram o crescimento da renda e a diminuição da miséria. E isso é muito perigoso para a classe dominante, já que o sucesso de um governo progressista é o fracasso da direita e extrema direita reacionárias. Assim, as classes dominantes se engajaram de corpo e alma em campanha difamatória das políticas econômicas e sociais do governo. Se em dois anos o governo entregou um crescimento do PIB da ordem de 7%, o que acontecerá se chegarmos a 14% de crescimento até o fim de 2026? Isso não pode, pois contraria os planos da classe dominante para o futuro. Foi, portanto, articulada uma verdadeira engenharia propugnando o caos, com ataques de todos os lados. A prioridade agora é controlar o Senado, continuar no comando da Câmara dos Deputados e seguir subjugando o Banco Central do Brasil. Se não for por bem, continuará sendo na porrada, na base da chantagem, através de ataques especulativos ao real.
A estratégia da direita é hiper politizar o micro e despolitizar o macro. Nessa toada, consegue o apoio do povo despolitizado, evangélico, enfim, massa de manobra. Até mesmo daqueles beneficiados pelas políticas públicas do próprio governo Lula. Aqueles que creditam seu sucesso ao pastor, ao coach, ao empreendedorismo, e não às políticas públicas.
A direita, o mercado financeiro e a mídia corporativa estão juntos na estratégia de desestabilização do governo. Crescer, gerar renda e distribuí-la está fora de cogitação. Os ajustes fiscais só podem e devem ser feitos em cima do povo. Nada de medidas redistributivas neste país tão desigual. E o argumento é de que isso gera inflação e desequilíbrio fiscal.
O que fazer então? Qual a saída? Permitam-me elencar alguns caminhos:
No campo da política e da comunicação, é urgente a politização das políticas públicas através de debates, das redes sociais e de potentes cadeias nacionais de televisão contra o rentismo, o escândalo das emendas e os crimes cambiais contra a economia popular, dentre outros. As bandeiras são os problemas de sempre do subdesenvolvimento: geração de emprego e renda, diminuição da pobreza, SUS da segurança pública, educação integral, creches, melhoria do SUS, distribuição de renda e transparência orçamentária.
Ainda sobre a comunicação, é necessária uma significativa inserção das políticas públicas do governo no espaço digital: Tik Tok, Facebook, X, Instagram, etc.
No campo das finanças públicas, é preciso uma postura mais combativa contra a “chantagem criminosa” do Congresso Nacional, o executivo deve recuperar seu orçamento, ainda que parcialmente, e executá-lo de forma impecável.
Uma segunda medida é a revisão da meta de inflação, que pode ser feita pelo Conselho Monetário Nacional – CMN. Não é possível continuarmos insistindo numa meta inalcançável que só beneficia os rentistas. O protecionismo do governo Trump e a própria desvalorização do real em relação ao dólar (da ordem de 27%) já são motivos suficientes para justificar uma tal revisão por força do encarecimento das importações.
No mercado cambial, cabe uma intervenção mediante uso das reservas e revisão das normas que favorecem a especulação cambial: postergação pelos exportadores do fechamento de câmbio de suas exportações; tributação das idas e vindas do capital golondrina e fuga de divisas para fundos de bitcoins.
Por fim, sugere-se a intervenção na curva longa de juros e maior disciplina nas operações compromissadas do Banco Central.
No campo tributário, está na hora de taxar os super ricos para contrabalançar a implementação do reajuste da tabela de IR, que não é feito há oito anos. Isso seria equivalente à isenção tributária de quem ganha até cinco salários mínimos, rejeitada pela direita no Congresso. Medida que deve ser acompanhada por uma profunda revisão dos subsídios, em todos os níveis.
Não é difícil mostrar para a população brasileira que existe uma verdadeira tormenta num copo d’água. Que uma inflação de 4,7% em 2024, ligeiramente superior ao teto da meta, de 4,5%, nunca poderia ensejar uma situação de caos fiscal, mesmo porque a dívida pública é na nossa moeda e não em moeda estrangeira.
Tampouco será difícil mostrar que o mercado financeiro, quase em sua totalidade contrário ao governo Lula, além de auferir ganhos ou evitar perdas financeiras com a instabilidade de preço dos ativos, também está atuando com o propósito político de desestabilizar o governo. Grandes investidores estão promovendo a compra de dólares em grande escala, provocando o efeito manada que potencializa as distorções cambiais.
Como bem observou Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating: “… como a alta do dólar está relacionada à perda de credibilidade da política fiscal, não entram na conta do mercado fundamentos macroeconômicos para formação do preço do dólar. O Brasil tem boa solvência e boa capacidade de pagamento em moeda estrangeira. Mas o que pesa mais agora são fatores subjetivos de perda profunda de credibilidade, de confiança.” (entrevista à Zero Hora, de 18/12/24)
É fácil mostrar para o público que os Investimentos Diretos Estrangeiros continuam fluindo para o Brasil, sem qualquer especulação cambial, e assegurando o equilíbrio da nossa Conta Corrente no Balanço de Pagamentos. Isso comprova que para o investimento real não há falta de credibilidade no Brasil.
Também não é difícil mostrar para a população brasileira a importância de se reduzir a taxa real de juros do país (hoje, a segunda maior do mundo), para a continuidade do crescimento econômico na direção de uma sociedade mais justa.
Abaixo estão elencados vários indicadores econômicos relacionados num texto apócrifo capturado nas redes sociais que mostram uma relação de indicadores econômicos positivos, que por virem numa linguagem muito técnica, são de difícil compreensão para maioria da população e acabam ficando nos gabinetes de burocratas e acadêmicos.
Os números do segundo ano do governo Lula 3 que não vão para as manchetes
- Crescimento do PIB em 2023 de 3,2% e em 2024 3,5%.
- Projeção de crescimento da economia em 2024 sobe de 3,2 para 3,5
- Taxa de desemprego 6,1%, menor taxa da história
- A massa de rendimento real tem novo recorde, chegando a R$ 332,7 bilhões. O rendimento real habitual de todos os trabalhos (R$ 3.285).
- Crescimento da indústria de 3,6% em 2024, maior em 10 anos.
- Crescimento de 75% do emprego na indústria, destes 55% são jovens.
- Segmentos de alta tecnologia crescem 5%, acima da indústria de transformação, que vai crescer 3,6%.
- A taxa de investimento como proporção do PIB passou a ser 18%.
- O Brasil se tornou o 2° maior receptor de investimentos estrangeiros diretos do mundo em 2024.
- Investimento em infraestrutura saiu de R$ 188 bilhões em 2022, para R$ 260 bilhões em 2024.
- Com o Plano Mais Produção, a Nova Indústria Brasil (NIB) disponibilizou R$ 507 bilhões de crédito para investimentos. BNDES, FINEP, EMBRAPII, CEF, BB, BASA e BNB estão juntos para estimular uma Indústria Mais Inovadora e Digital, Exportadora, Verde e Competitiva.
- BNDES aumentou o volume de desembolso de R$ 98 bilhões em 2022, para R$ 148 bilhões em 2024. O crédito para a indústria cresceu 262% em 2024.
- Com a Nova Indústria Brasil (NIB), Novo PAC e PTE, o setor privado já anunciou investimentos de R$ 2,3 trilhões.
- Finep bateu recorde e ultrapassa R$ 10 bi em financiamentos. Os recursos financeiros liberados pela Finep em 2024 representam o dobro do montante financiado em 2023. O desempenho também representa um crescimento três vezes superior em relação ao resultado de 2022.
- Com a Nova Indústria Brasil estimulando a agroindústria, a taxa de crescimento da agroindústria teve o melhor resultado em 14 anos, crescimento de 4,2% em outubro, e 2,7% no acumulado.
- Linhas branca e marrom da indústria registraram o maior crescimento da produção e vendas nos últimos 10 anos, 25%.
- Com o Mover, programa da Nova Indústria Brasil, o setor automotivo bateu recorde nas vendas, crescimento de 15% em 2024. A produção cresceu 11%, maior crescimento dos últimos 10 anos.
- Máquinas e equipamentos estão puxando o crescimento industrial, crescimento de 8,3% em 2024.
- O setor de bens de consumo duráveis cresceu 9,8% em 2024. São mais bens como automóveis, geladeiras, TVs, fogões, máquinas de lavar, etc., chegando ao povo.
- No ranking mundial de produção industrial, o Brasil avançou 30 posições, saltando de 70° para 40°.
- Varejo chega ao fim do ano com alta de 12,2% nas vendas na comparação com 2023: Entre os itens mais procurados estão: os eletrônicos (alta de 25,9% nas vendas ante 2023); os brinquedos (+24%) e as roupas e os acessórios (+13%). Setor alimentar, 18,4%.
- Depois de mais 40 anos, foi aprovada a Reforma Tributária, que estimula investimentos e exportações. Estima-se que a reforma gerará um crescimento adicional da economia de 12% a 20% em 15 anos. Hoje, esses 12% representariam R$ 1,2 trilhão a mais no PIB de 2022.
- Taxa de pobreza caiu para mínima histórica: 27,4%.
- A taxa de miséria caiu para a mínima histórica. Parcela de brasileiros miseráveis caiu para 4,4%.
- Amazônia tem menor taxa de desmatamento em nove anos. Taxa de desmatamento caiu 77,2%% no Pantanal e 48,4% no Cerrado.
- A inflação ficou abaixo das expectativas feitas pelo mercado. O IPCA-15 acumulado em 2024 deve ser 4,71%, as expectativas do mercado eram,de alta de 4,82%.
Um ponto fundamental para recordar é que o governo Lula encontrou o país destruído. Entre 2015 e 2022, a taxa média de crescimento do PIB foi 0,4%, com desemprego e pobreza crescentes. Bolsonaro deixou um rombo fiscal de R$ 800 bilhões durante seu mandato, sem jamais cumprir o Teto de Gastos.
Estima-se um déficit primário de R$ 55,4 bilhões para 2024. Se forem considerados R$ 20 bilhões de recursos empossados (empenhados e não gastos) e os R$ 40 bilhões do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e da Desoneração da Folha, despesas criadas pelo Congresso, não pelo governo, teríamos um superávit fiscal em 2024.
Além dos indicadores, vale destacar alguns programas estruturais criados e já aprovados pelo governo que garantem um crescimento de longo prazo e a retomada da indústria, entre eles: Mercado de Carbono, Lei do Hidrogênio de Baixo Carbono, Lei do Combustível do Futuro, Nova Lei de Informática, Programa Brasil Semicondutores, Programa de Mobilidade Verde e Inovação (MOVER), Marco de Garantias, Regime Especial da Indústria Química (REIq), Brasil Mais Produtivo, Programa Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), Lei do Combustível do Futuro, Plano Mais Produção, Debêntures de Infraestrutura e Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel.
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Os artigos representam a opinião dos autores e não necessariamente do Conselho Editorial do Terapia Política.
Ilustração: Mihai Cauli e Revisão: Celia Bartone
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