Sessão de autógrafos em Porto Alegre dia 1° de julho, na livraria Via Sapiens – rua da República, 58.

Resenha: Meninos Guerreiros

Paulo de Tarso Riccordi é membro do Conselho Editorial do Terapia Política, além de amigo de longa data. Em julho será lançada a segunda edição do seu livro “Meninos Guerreiros”, uma representação alegórica sobre a política e sobre licenças éticas. Nele conta a saga de um grupo de jovens pré-adolescentes que cresceram no interior de um exército, numa das guerras locais do século 19, na América do Sul. Estavam lá por dívidas de seus pais, ou eram órfãos, ou eram enjeitados e todos estavam lá porque certamente não tinham ninguém que os protegesse.
Quais são seus horizontes?

O diálogo com Ulisses, um destes meninos guerreiros, ilustra bem seu modo de ver a vida:

– “ Quem são nossos inimigos?
– Quaisquer que tenham ideias opostas às nossas.
– E os que não concordam conosco, mas estão conosco contra o inimigo comum?
– Tão logo derrotes esse inimigo, destrói os companheiros de viagem para que (…) não tenham tempo de fortalecer-se e guerrear contra ti.
– Também os aliados, que (…) apenas têm alguma discordância?
– Se tiverem motivos para não serem dos teus, terão razões suficientes para ser contra ti.”

Bugre é outro deles, que uma vez foi encontrado pelo feitor num capão de mato, se escondendo do trabalho. Galopou atrás do menino, o caçou e o arrastou pelos cabelos ao lado do cavalo. Então apeou, levantou o rebenque e anunciou a punição:

– Vou te fazer gritar feito porco.

Estranhou que o guri não tentasse escapar, nem se desviasse do golpe, que desceu num movimento lento e débil. À fraqueza do braço seguiu-se a das pernas e do corpo que arriou sobre os joelhos. O homem baixou a cabeça e descobriu que o que lhe escorria quente sobre as coxas não era urina, mas sangue.
Ergueu o olhar para o guri, que calmamente limpava sua faca,

– Tu perdeu tempo enquanto me ameaçava.

Ao saírem do exército, jovens adultos, entenderam que fora dos campos de batalha sua experiência pouco valia. Perceberam, então, que para sua manutenção, poderiam alugar seus talentos no emprego da violência. Entenderam, também, que somente como grupo seriam capazes de sobreviver. Porém, para isso, a lealdade é o cimento necessário.
A saga dos meninos guerreiros é uma alegoria política, uma parábola sobre grupo. Fala do conflito da ética e fala da vida – por tudo isso esta novela deve ser lida!

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Ilustração da capa:  Rafael Martins da Costa  Edição para o blog: Marlon Martins  Revisão: Celia Bartone

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