Ao saber da internação do presidente norte-americano Donald Trump, lembrei-me imediatamente de uma sacada do escritor e ator irlandês Irvin S. Cobb. Quando disseram que uma determinada pessoa, que definitivamente não era das mais queridas, estava doente, ele não perdeu a chance:
– Espero que não seja nada trivial.
Churchill
Na Câmara dos Comuns, o parlamento britânico, um deputado pergunta a Churchill se ele, como primeiro-ministro, tinha conhecimento da grande preocupação da população em relação ao conflito em que estava envolvida a Coreia. Churchill não perdoa:
– Eu tenho conhecimento é da profunda preocupação que V. Ex.ª manifesta em relação a assuntos que estão além da sua capacidade de compreender.
Senador Lauro Müller
Depois de condenar durante muito tempo as negociações das emendas ao Orçamento com os parlamentares, o governo atual, sem fazer autocrítica, rendeu-se ao mecanismo. As denúncias em relação às emendas parlamentares são mais antigas do que se pensa. Há quase 100 anos, na reforma da Constituição de 1925, um dos objetivos era liquidar a chamada “cauda do Orçamento”, esquema em que parte dos parlamentares era acusada de deitar e rolar na maracutaia. Algum tempo depois da eliminação da cauda, em uma reunião da Comissão de Finanças discutia-se um desses favores, quando um parlamentar mostrou-se surpreso:
– De nada serviu, então, a supressão da cauda do Orçamento!
O senador Lauro Müller foi rápido:
– Perfeitamente. A cauda foi-se, mas o macaco ficou!
Getúlio Vargas
Conta-se que um dia Alzira Vargas, filha de Getúlio, depois de participar de algumas reuniões com o pai, decide questioná-lo:
– O senhor ouviu o pessoal da UDN e disse que eles tinham razão. Depois, ouviu o pessoal do PTB, que defendeu posições absolutamente contrárias, e disse também que eles tinham razão…
Reação de Getúlio:
– É… tu tens razão.
Elza Soares
Um dia, apareceu no programa de calouros comandado por Ary Barroso uma jovem candidata negra, muito pobre, com uma roupa esquisitíssima, magérrima, com o cabelo todo desgrenhado…
– Qual é o seu nome, minha filha?
– Elza Soares – responde a então estranha caloura.
– E de que planeta você vem? – pergunta o apresentador tentando fazer graça e sem atinar com a resposta que ouviria.
– Eu venho do planeta fome!
Jornalista José Hamilton Ribeiro
Em 1968, o jornalista José Hamilton Ribeiro viajou para o Vietnã, para fazer a cobertura da guerra para a Realidade, revista brasileira mais influente do final da década de 1960. Numa das vezes em que acompanhava o deslocamento de tropas norte-americanas, pisou numa mina, que explodiu, arrancando-lhe metade da perna esquerda. Alguns anos mais tarde, participava de um programa de auditório em uma emissora de TV do Rio de Janeiro, quando um jornalista – inconveniente, para dizer o mínimo – perguntou a ele se era muito difícil ser repórter com uma perna só. Resposta de Hamilton, na bucha:
– Ser repórter com uma perna só é mais difícil do que com duas. Mas é mais fácil do que com quatro.
Dina Sfat
Em plena ditadura militar, no ano de 1981, o programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes, convida para ser entrevistado o general Dilermando Gomes Monteiro. Ele tinha assumido o comando do II Exército em 1976 e, desde então, a repressão política em São Paulo, com torturas medievais e assassinatos, tinha se acentuado. Nesta edição do Canal Livre, uma das entrevistadoras era a atriz Dina Sfat, conhecida pelo talento, por suas posições antiditadura, pela beleza e pela expressividade de seus olhos castanhos. Antes do início do programa, ela procura o diretor Fernando Barbosa Lima e diz que não sabe o que perguntar ao general, que não tem nada para perguntar a ele. Ele a aconselha a ficar quieta, a não falar nada. E Dina permanece calada o tempo todo. No final do programa, o general vira-se para ela e diz:
– A senhora não vai fazer nenhuma pergunta?
Sua resposta foi uma autêntica demonstração de coragem:
– Não. Eu tenho medo de general.
Cidinha Campos
Marcello Alencar, quando governador do Rio de Janeiro, foi acusado de empregar os dois filhos, Marco Antônio e Marco Aurélio. E além do mais, os dois foram alvos de denúncias de envolvimento em casos de corrupção. Quando o governo chega ao final, a deputada Cidinha Campos, do PDT, faz um balanço da administração:
– Os únicos marcos do governo Marcello Alencar foram o Marco Antônio e o Marco Aurélio.
Essas pílulas são uma pequena amostra do que vai registrado no livro “Faíscas verbais – A genialidade na ponta da língua”, de minha autoria. São mais de 500 frases criadas de improviso, na lata, na bucha por, entre outros, jornalistas, esportistas, intelectuais, políticos e cientistas. Para adquirir o livro, basta clicar aqui.