“Nunca fui lulista ou petista, muito menos o “comunista” (a quem respeito) fora de moda que alguns supõem, estes ignorantes do que sejam ideologias”.

Nem lulista, nem petista, nem comunista

Minha Carta aos Amigos:

Confirma-se a vantagem maiúscula da candidatura Lula sobre a de Bolsonaro.[DataFolha 29/09/2022)

Não parece se tratar da eleição de um mito real, que ninguém é, exceto os trapaceiros. Trata-se da eleição de um político consagrado nas lides operárias e na própria Presidência da República, que exerceu por dois mandatos com relativo sucesso.

Sua atitude foi a de um homem de origem humilde, migrante dentro do Brasil, que construiu com dignidade sua imagem. Foi sempre equilibrado no que talvez descreva sua convicção política: um negociador. Lula sempre negociou na posição de líder operário, não lhe passou pela cabeça ser revolucionário marxista, que definitivamente não foi e não é. Lula não colocaria em dificuldade sua própria classe nas negociações com patrões, à sua época. Buscou sempre uma melhora das condições de vida dos trabalhadores que representou, nunca o conflito insuperável.

Como político de dimensão nacional, cometeu alguns erros do ponto de vista do controle da correção administrativa de seus subordinados, ministros e outros. Foi acusado de comportamento desonesto, o que no frigir dos ovos não o condenou, exceto por um período anômalo em que foi levado à cadeia, onde se comportou com perfeita dignidade. Os processos contra ele foram julgados impróprios e incompetentes de diversas formas pelo Superior Tribunal Federal, órgão judicial de última instância que detém a última palavra, segundo a Constituição de 1988. Discuta-se o caso, mas não se condene “prima facie” Lula depois da palavra do STF.

Fez uma campanha efetiva, mas discreta, correu à frente por seu nome politicamente respeitável. Não incorreu no engano de esbravejar nem de praticar atos indignos ou impróprios para quem almeja liderar a Nação, pacificá-la e chegar ao posto máximo do país.

Lula tem prestígio internacional incontestável. Sua vitória no dia 2 de outubro, como parece ocorrerá, ou no dia 30 de outubro, se em segundo turno, imediatamente despertará a opinião internacional a favor do Brasil. É um fato concreto, que verificaremos.

O atual presidente com letras minúsculas, nada poderá fazer. Suas bravatas e falta de correção e conhecimento no exercício capenga da presidência, condenável por todas as razões – administrativas, pessoais, morais ou políticas – pecaram por falta de dignidade e respeito humano.

Não vejo condições para que continue a almejar uma liderança. Nem tem partido nem tem equipe, nem tem futuro no emaranhado de processos que terá de responder por seus malfeitos, senão crimes.

A verdade de fato nos falará.

Nunca fui lulista ou petista, muito menos o “comunista” (a quem respeito) fora de moda que alguns supõem, estes ignorantes do que sejam ideologias. Orgulho-me de minha percepção social e da percepção que tenho de que para corrigir o nosso grande Brasil precisamos minimizar as desigualdades sociais e regionais, necessitamos de projetos de amplo espectro, de políticas públicas que promovam o equilíbrio social e regional, com especial ênfase no tema que a todos abrange, dos cuidados ambientais, onde sobrelevam as florestas, os rios e o tratamento humano respeitoso aos povos indígenas, além do essencial esforço em nos reconhecer como um país mestiço, em busca do reconhecimento da igualdade das raças.

Essa é uma exigência nacional e um pleito internacional. Lula vem em boa hora provar que é um ser humano, quando deixamos para trás um desumano fraco homem.

Há um lugar para todos, até mesmo para a parcela menor da extrema direita, que só tem de começar a respeitar o Estado Democrático de Direito que a Constituição de 88 consagrou e que é nosso caminho para o futuro.

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Os artigos representam a opinião dos autores e não necessariamente do Conselho Editorial do Terapia Política.

Ilustração: Mihai Cauli  e  Revisão: Celia Bartone
Sobre a importante eleição de domingo, leia “A hora da decisão”, de Adhemar S. Mineiro.