A palavra sabedoria já foi criticada por filósofos e psicanalistas, mas simpatizo com essa palavra. Freud escreveu em 1926 o que era o alfa e o ômega da sabedoria: conhecer quando é preciso dominar as paixões e aceitar a realidade, suportando a impossibilidade da mudança; ou, ao contrário, tomar partido pelas paixões e pôr-se em pé de guerra frente ao mundo exterior para modificá-lo. Já pensei que o mundo todo poderia mudar, devia mudar; depois, que outro mundo era possível, um mundo mais justo.
Duas perguntas: o quanto o mundo em geral pode mudar e o quanto cada pessoa pode mudar. Perguntas diferentes, mas ambas atraentes. Pensar a sabedoria envolve mais perguntas que respostas, como escreveu Lévi-Strauss: “O sábio não é o homem que fornece as respostas verdadeiras; é o que formula as perguntas verdadeiras”. Creio ser possível trabalhar com ambas as definições do que é sabedoria, tanto a de Freud como a de Lévi-Strauss, pois se nutrem do amor ao conhecimento. Pergunto também sobre as dificuldades do nosso país mudar, moldado que foi na mentalidade da escravidão, da privatização das riquezas, no “habitus” construído pela Casa Grande à custa da Senzala. Pergunto ainda sobre as possibilidades de o mundo aprender a cuidar da maltratada Mãe Terra.
Agora, frente à eleição, como usar o conhecimento para votar? Torço, em primeiro lugar, que o país possa sair dessa competição mais unido, possa entender que esse clima de guerra, de violência e crueldade é sofrido, é angustiante, gerando divisões nas famílias, entre amigos e vizinhos. Torço para que a frente ampla formada possa dar um norte a um país desnorteado e maltratado. Sonho com um Brasil dando exemplo ao mundo de como é possível passar do autoritarismo à democracia, do ódio ao amor. Sonho que possamos superar o pior dos pesadelos já vividos nesse querido país. Acredito que muitos milhões, dezenas de milhões, sonham esperançosos com um novo amanhã.
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Ilustração: Mihai Cauli e Revisão: Celia Bartone
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