A ciência está na boca do povo. Todos têm uma opinião sobre vacinas, cloroquina, isolamento social e sua menção acaba sendo sempre uma espécie de muleta que dá credibilidade à fala. Entretanto, nem sempre quem usa “ciência” e “conhecimento científico” em seus discursos sabe bem do que está falando.
A expressão “negacionismo”, da mesma forma, vem sendo usada para todo o tipo de situação onde se nega algo no qual quem fala acredita ou desejaria acreditar. Não é incomum hoje ver defensores do uso da cloroquina, por exemplo, chamando de negacionistas os infectologistas que mostram que ela não tem ação contra a Covid, em uma inversão só compreensível mediante a profunda ignorância sobre epistemologia na qual estamos mergulhados. Em resumo, a ciência, cujas questões centrais (o conhecimento é possível? Como distinguir a ciência dos demais tipos de saber?) foram alvo de debates por mais de dois mil anos, surpreendentemente, continua muito mal entendida, inclusive por aqueles com alto grau de escolaridade.
Neste vídeo, mostramos que há um longo caminho a ser percorrido pela sociedade até que, finalmente, entendamos mais claramente a ciência como entidade metafísica fluida. Talvez seja essa, justamente, a maior missão que cientistas tenham pela frente: comunicar à sociedade, apropriadamente, que a ciência mudou. Ela, hoje, não se identifica mais com aquela imagem positivista de espelho da verdade, mas se apresenta como uma ferramenta extremamente eficiente, embora fluida, de relação com o mundo ao nosso redor. Duas de suas principais características distintivas são, nesse sentido, sua capacidade de evolução constante e sua transversalidade cultural.
***
Os artigos representam a opinião dos autores e não necessariamente do Conselho Editorial do Terapia Política.
Clique aqui para ler artigos do autor.