Em evento no Senado, o sociólogo espanhol Manuel Castells falou sobre este mundo de sucessivas crises, com uma globalização descontrolada e desigualdades extremas. Somou a este quadro as incertezas provocadas pelas mudanças tecnológicas importantes e sem regulação, gerando pânico nas pessoas, que não conseguem ver como elas vão impactar na sua vida e sobrevivência. Ele pergunta: Podemos pensar que as pessoas vão continuar aceitando os níveis de desigualdades que nós temos? Certamente não. Surgem os nacionalismos e as crises das instituições, geralmente acompanhadas por reações violentas na sociedade contra todos os avanços que foram feitos em questões como direitos humanos, das mulheres, ecologia. É normal, diz o pensador, que as pessoas assumam movimentos de oposição violenta – uma ameaça à democracia; e para ele é fundamental o diálogo: “O diálogo é o processo mais importante da democracia, e que seja dentro de marcos civilizados. Os conflitos sempre existirão, a questão é como lidamos institucionalmente com esses conflitos.”

À luz do debate sobre a evolução das tecnologias da comunicação e seus impactos na política, o autor retomou a tese que ficou mundialmente conhecida na sua obra Sociedade em Rede, publicada em 1996, onde discute a noção de uma sociedade organizada a partir de um sistema de comunicação tecnológica.

  • “Sociedade digital não é um nome para a sociedade em rede. A sociedade em rede é uma estrutura social onde tudo é organizado ao redor das redes de comunicação de todo o tipo. A sociedade digital é a plataforma tecnológica sob a qual é feita a sociedade em rede. E a sociedade em rede, que eu observei há 30 anos, agora é manifestada em tudo e sob a base da digitalização plena. É algo diferente, mas totalmente articulado”, explicou.

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Ilustração: Mihai Cauli  e  Revisão: Celia Bartone
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