Este artigo reproduz dois textos publicados pelo jornalista e colaborador do Terapia Política, Moisés Mendes, ambos se referem à Dilma Rousseff. O primeiro, foi publicado no Facebook do autor, no primeiro dia deste ano. Quatro dias depois, escreveu respondendo aos críticos um segundo texto.

Sobre Dilma Rousseff: sejamos ingênuos, mas não sejamos bobinhos

Os ataques de gente do PT à ex-presidenta Dilma Rousseff são denunciadores de muitas coisas. A principal delas, que apenas parece estar submersa, é a incapacidade de setores do partido de lidar com os que “chegaram depois”.

Essa é a realidade. Parte do PT, que se considera dona do partido, até hoje não aceita Dilma, como não aceitou e teve de engolir Tarso.

Eles seriam os que essa gente considera até hoje inautênticos e agora, dizem eles, sem força eleitoral.

Parte relevante do PT quer apenas força eleitoral, quer o imediato, e o resto que se dane. E que resto.

Atacar Dilma Rousseff, sob qualquer argumento, é aliar-se aos fascistas. Aliás, os argumentos e os textos de pretensos donos do PT sempre são precários e também denunciadores do baixo nível de reflexão das esquerdas.

Vou repetir: atacar Dilma Rousseff, na tentativa imbecil e infantil de bajular e ‘proteger’ Lula, é ser munição barata da extrema direita.

Dilma foi derrubada, não pela CIA (parem com essa bobagem), mas pelo Brasil arcaico em conluio com os patos da Avenida Paulista e toda a catrefada nacional.

(Acrescentando: alguém acha mesmo que esse Quaquá fala como avulso, como franco atirador, sendo vice-presidente nacional do partido? Sejamos ingênuos, mas não sejamos bobinhos.)

Ainda em defesa de Dilma

Escrevi uma nota singela esses dias no Facebook em defesa de Dilma Rousseff, atacada por gente do próprio PT. Recebi dois alertas mais ou menos nessa linha: não te mete nisso porque é briga para gente das internas do partido.

Devem estar certos. Não sou das internas de partido nenhum e talvez não tenha mesmo que tentar aprofundar uma abordagem para a qual não tenho preparo e/ou prerrogativas.

Mas espero que possa defender Dilma, mesmo não sendo militante orgânico de coisa alguma. Se acharem que não posso, mesmo assim vou manter o que escrevi. Como sou gente das externas, devo poder dar uma opinião.

E o que eu acho é que atacar Dilma é servir de munição barata da extrema direita. E quem quiser passar pano, que passe e admita que passou.

Defender Dilma do ataque dos héteros da esquerda (quase equivalentes aos héteros da extrema direita) é obrigação de qualquer brasileiro que não seja omisso diante de uma grosseria com a mulher derrubada pelo Brasil arcaico.

Não precisa ser do PT ou das esquerdas para defender Dilma. Nem deve ser, de jeito nenhum, uma tarefa só das mulheres.

É interessante que algumas pessoas estejam preocupadas com quem repercute esse debate (que está nos sites e blogs há muitos dias), e não com quem ataca Dilma. Eu mesmo tive de me defender porque abordei o assunto.

Por que me atacam e não atacam Washington Quaquá, que desqualificou a importância eleitoral de Dilma, falando em nome da sua turma, como se isso fosse assim tão relevante hoje?

Por que duvidar da força eleitoral de Dilma, num momento em que o PT se reafirma como partido e quando as pesquisas dizem que Lula ganharia a eleição por 7 a 1?

No que Dilma pode atrapalhar Lula? Política é só potência eleitoral? Para muita gente do PT, há muito tempo é assim mesmo. Eleição, eleição e eleição.

Para encerrar, aviso o seguinte: quem quiser me mandar mensagens e tiver mais sugestões semelhantes a fazer, com advertências, desculpas, medos e outros temores com as facções antiDilma, que procure outras turmas.

Sejam silenciosos, omissos e covardes publicamente. E vão quaquarejar em outras freguesias. (Publicado no Blog do autor, em 04/01/2022)

Clique aqui para ler a íntegra da Nota da Secretaria Nacional de Mulheres do PT e 27 secretarias estaduais.

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Ilustração: Mihai Cauli

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