Paulo de Tarso Riccordi é membro do Conselho Editorial do Terapia Política, além de amigo de longa data. Tem vários livros publicados, este é o mais recente. É uma representação alegórica sobre a política e sobre licenças éticas. Nele conta a saga de um grupo de jovens incorporados a um exército, no final do século 19. Uns, por dívidas de seus pais, órfãos ou enjeitados, por não terem ninguém que os alimente e proteja. Logo nas páginas iniciais, Ulisses, um deles, perguntou uma primeira e única vez:

-Quem são nossos inimigos?

-Quaisquer que tenham ideias opostas às nossas.

-E os que não concordam conosco, mas estão conosco contra o inimigo comum?

-Tão logo derrotes esse inimigo, destrói os companheiros de viagem para que (…) não tenham tempo de fortalecer-se e guerrear contra ti.

-Também os aliados, que (…) apenas têm alguma discordância?

-Se tiverem motivos para não serem dos teus, terão razões suficientes para ser contra ti.

Ao final de oito anos de combates os meninos-guerreiros são dispensados por seus ex-comandantes. Sem saber viver em paz, eles permanecem agrupados e vagam pelo continente sem projetos e sem rumo, dispondo exclusivamente da experiência bélica para sua manutenção, que passam a alugar. Fazem o trabalho sem comprometimento ou culpa. Recebem o dinheiro e se vão. Transformaram-se em assaltantes circunstanciais, guarda-costas, jagunços.

Mas essa violência de aluguel exige algum cuidado e alguma ética: somente atacar àqueles contra quem tenham sido contratados e ser por isso remunerados; jamais ameaçar a ninguém desnecessariamente para não provocar a união de todos contra si. E por aí segue Paulo de Tarso Riccordi nesta excelente narrativa.

O livro pode ser encontrado em https://www.amazon.com.br/Na-linha-rebenta%C3%A7%C3%A3o-meninos-guerreiros-ebook/dp/B08LSVFK4P