Passei 2023 sem ir ao cinema uma única vez. Não que me orgulhe disso, mas o fato é que faz tempo que curto cinema dentro de casa. De todo modo, andei vendo muito filme bom durante o ano, alguns – talvez não tantos – até bons demais. Isso contando somente com Netflix e umas raras incursões pela Claro tv+ (antigo Now). Ainda assim, de janeiro a dezembro, além de quatro séries, assisti a 177 longas, grande parte deles lançados de 2018 para cá. E se as duas únicas plataformas que utilizei em 2023 são recheadas de títulos mornos, do tipo mais do mesmo, elas não deixam de trazer, ainda que de maneira pouco prolífica, gratas surpresas. Filmes que podem até não agradar a todos, mas que inovam, fazem refletir, abordam temas interessantes, enfim, saem do lugar-comum.

Por isso, embora tenha perdido os grandes lançamentos dos cinemas e de alguns serviços de streaming – e por ter tido a ideia de registrar todos os filmes que vi ao longo do ano, mesmo sem ter ideia do que faria com esta lista –, creio que entre os 181 títulos a que assisti, incluindo as quatro séries, há no mínimo umas 20 boas surpresas. Assim, para chegar a elas, passei os olhos na lista. Das 181 produções, em 33 delas eu havia marcado cinco estrelas. Dessas 33, constava minha série favorita. Quanto aos 32 longas, para não ser injusto comigo mesmo, fiz uma breve pesquisa para refrescar a memória e cheguei aos 20 filmes que mais me marcaram em 2023. E que muito provavelmente ainda estão disponíveis no Netflix ou na Claro tv+. Confira abaixo:

OS 20 FILMES  e uma série (não necessariamente por ordem de preferência)

Acontecimentos inesperados abalam a vida de umafamília de classe média nos anos 1970. Premiado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza de 2018. Direção do mexicano Alfonso Cuarón.

Drama biográfico sobre a vida conturbada do roteirista de “Cidadão Kane”, Herman J. Mankiewicz. Direção do norte-americano David Fincher.

Thriller envolvente sobre os vínculos do sindicalista Joseph Sheeran (1920-2003) com a família criminosa Bufalino. Direção do norte-americano Martin Scorsese.

Esta poética comédia dramática traça um painel crítico de uma geração, em meio à greve geral dos estudantes da Universidade Nacional Autônoma do México, em 1999. Direção do mexicano Alonso Ruizpalacios. Clique aqui para ler a crítica publicada pelo autor.

Um drama realista e tocante sobre uma jovem independente e sem dinheiro que mora em uma van. Direção da norte-americana Sian Heder.

Girona, verão de 1978. Um grupo de amigos pratica uma série de roubos e furtos neste intenso drama de ação. Direção do espanhol Daniel Monzón.

Drama retrata um gueto carente onde o tráfico local se mistura com a religião. Vencedor da Câmera de Ouro em Cannes. Direção da francesa Houda Benyamina.

A vida dupla de uma mulher neste poderoso drama LGBTQIA+ passado na Inglaterra heteronormativa da Dama de Ferro. Direção da britânica Georgia Oaklay. Clique aqui para ler a crítica publicada pelo autor.

Premiada comédia dramática sobre um casal que está passando por vários problemas e decide se divorciar. Direção do norte-americano Noah Baumbach.

Duas jovens que se atraem enfrentam a hostilidade e o preconceito em um conjunto habitacional, neste belo drama LGBTQIA+. Direção da argentina Clarisa Navas.

Anos 1920. Uma elegante e ambiciosa mulher negra de pele clara vive sua vida se passando por branca. Direção da britânica Rebecca Hall.

Numa periferia de Rio Branco (AC), os conflitos de uma sociedade em transformação, impactada de forma violenta com a chegada do crime organizado. Direção do brasileiro Sérgio de Carvalho.

Três garotas vivem numa pequena comunidade mexicana em meio a ataques de milícias, violência policial e sequestro de mulheres. Direção da salvadorenha Tatiana Huezo.

Este drama com elementos do neorrealismo italiano apresenta uma bela crítica às relações de exploração do trabalho. Direção da italiana Alice Rohrwacher.

Hilária sátira política inspirada no ex-presidente mexicano Enrique Peña Nieto e suas ligações nebulosas com a mídia. Direção do mexicano Luis estrada. Clique aqui para ler a crítica publicada pelo autor.

Ótimo thriller político baseado no confronto entre anarquistas e a polícia ocorrido na Espanha em 1921. Direção do espanhol Dani de La Torre.

A vida de uma mulher entediada se transforma de forma radical depois que ela e um vizinho vão atrás de um ladrão que assaltou sua casa. Direção do norte-americano Macon Blair.

Uma mulher e uma adolescente dão à luz no mesmo dia e hospital e constroem um vínculo que pode mudar suas vidas para sempre. Direção do espanhol Pedro Almodóvar.

Um homicídio revela os segredos sombrios de uma pequena cidade. Adaptação do aclamado romance homônimo de Fernanda Melchor. Direção da mexicana Elisa Miller.

Uma renomada guardiã legal é na verdade uma predadora que rouba todos os pertences de suas vítimas que vivem num lar de idosos. Direção do britânico J. Blakeson.

 A SÉRIE

  • DIX POUR CENT (2015-2020)

Comédia genial sobre os funcionários de uma agência de talentos que precisam sobreviver ao selvagem mundo das celebridades do cinema. Criação da francesa Fanny Herrero.

***
Os artigos representam a opinião dos autores e não necessariamente do Conselho Editorial do Terapia Política. 

Ilustração: Mihai Cauli  e Edição: Fernanda Novaes / Eduardo Scaletsky
Clique aqui para ler artigos do autor.