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Resenha: O negócio do Jair

A história proibida do clã Bolsonaro

Mais de três anos de um incansável trabalho de investigação contribuíram para gerar o livro da jornalista  Juliana Dal Piva. Um livro que veio para ficar. Em maio deste ano, antes do livro pronto, o Terapia Política percebeu a importância do trabalho da jornalista e publicou Quem sabe da vida de Bolsonaro é a Juliana”, sua entrevista ao GRIFO, nosso sempre parceiro.

Passo a passo, a jornalista revela as facetas deste personagem complexo, que ficará marcado como o pior governante brasileiro. Numa linguagem fácil, que só os bons jornalistas dominam, ela conta a história de Jair Bolsonaro.

Utilizando depoimentos exclusivos, cópias sigilosas dos autos judiciais, mais de cinquenta entrevistas, mil páginas em documentos, vídeos e gravações de áudio, a autora demonstra como, à sombra dos grandes esquemas partidários, o clã acumulou milhões de reais e construiu o projeto político autoritário e regressivo que conduziria o chefe da família ao posto mais alto da República.

“O negócio do Jair” começou nas primeiras eleições pós-Constituição de 1988, quando ele foi eleito vereador do Rio de Janeiro. A rigorosa pesquisa é contada ao mesmo tempo em que os cenários vão sendo descortinados por acontecimentos de uma vida familiar dedicada à política para seu próprio enriquecimento. O livro conta a história do clã e do papel desempenhado pelos filhos de Jair, que desde cedo foram destinados a dar continuidade aos negócios da família.

Como numa peça teatral, a escritora descreve cenas burlescas das intrigas. Relata a ex-esposa, Rogéria Bolsonaro, negociando as condições de sua permanência dentro dos negócios, ao lado de sutis referências às amantes. O toque sobrenatural fica por conta dos fantasmas, que entram e saem dos gabinetes às dúzias, realizando pagamentos em dinheiro vivo, às margens do sistema financeiro nacional.

A leitura conduz a uma questão que a história terá de responder: Quem percebeu a oportunidade para expandir os negócios para além dos subúrbios cariocas e do “baixo clero” do legislativo? Quem terá alertado o clã para o ambiente propício a um aventureiro político, tal como Fernando Collor de Mello e sua caçada aos marajás, em 1989, ou antes dele, Jânio Quadros varrendo a corrupção, em 1961. Algum neofascista viu o vácuo de 2018, aqui ou lá fora, e o clã decidiu ocupá-lo.

Mesmo tendo publicado o livro, a autora não terá descanso. Bolsonaro será derrotado nas eleições presidenciais de 2022, mas a jornalista já deve estar pensando num segundo volume contando a incorporação de novos importantes atores aos negócios da família, depois que o clã foi morar no Palácio da Alvorada e trabalhar no Palácio do Planalto.

Os negócios da família agora são nacionais, quem sabe internacionais. A eles se incorporaram subservientes advogados, generais quatro estrelas (da ativa e da reserva) com uma disposição incomum para seguir as ordens do capitão, procuradores da República, juízes do STF e  pastores evangélicos. Não deixe de ler o livro.

Clique aqui para ler extratos da entrevista de  Juliana Dal Piva a Caco Bisol, Lu Vieira, Moisés Mendes, Paulo de Tarso Riccordi e Gilmar Eitelwein.

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