Eis o Grifo n° 4 – jornal de humor da Grafar – Grafistas Associados do Rio Grande do Sul para os leitores do Terapia Política. É um dos raros jornais de humor desta loucura atual. E ele, assim como eu, preferimos bater em grupo a debochar sozinhos. Enfim, voltou. É grátis. Pode – e deve – ser compartilhado com o(a)s amigas(os). O editorial já diz bem o que motivou a volta deste grupo. Deleitem-se e rolem.

O banal piorado do bolsonarismo

Uma coisa que chocou Hannah Arendt no julgamento do nazista Adolf Eichman foi a escassez intelectual de seus argumentos. Tudo que ele dizia eram clichês, frases decoradas, resultado de pouca reflexão antes de pronunciadas. Em Eichmann em Jerusalém, ela analisa a vida eternamente opaca e em segundo plano desse burocrata do nazismo. No entanto, representando um governo de ideias banais, ele foi responsável pelo confinamento, tortura e morte de milhões na primeira metade do século 20.

Para Arendt, aquele episódio que ela cobria para a revista The New Yorker em junho de 1962, não era apenas o julgamento de um nazista, era o resumo da “lição que este longo curso da maldade humana nos ensinou – a lição da temível banalidade do mal que desafia as palavras e os pensamentos”. Já “república de bananas” não é um conceito tão sofisticado. Está mais para preconceito, normalmente utilizado contra países latino-americanos que sofreram golpes de governos pouco competentes mas muito servis à política dos Estados Unidos no continente.

A Bananalidade do Mal significa a união destas duas infelicidades num só governo e num só país. O nosso. Um lado do discurso copia a verborragia das ideias vazias do nazismo acrescida do baixo calão, outro lado não copia a ideia de nação soberana, mas opta pela subserviência econômica e ideológica ao governo dos Estados Unidos. Nem nos minutos finais da vida Eichmann conseguiu escapar do terraplanismo mental: “Dentro de pouco tempo, senhores, iremos encontrar-nos de novo. Este é o destino de todos os homens”. Hannah Arendt estava lá. Nada banal, ela testemunhou: “No cadafalso, sua memória lhe aplicou um último golpe: ele estava ‘animado’, esqueceu-se que aquele era seu próprio funeral.”

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