O capitão é um perigoso e sofisticado agente comunista infiltrado! Isso é o que revela o recente vazamento de mensagens trocadas entre Joseph Stalin e seus assessores mais próximos. Lembre-se de que, como qualquer conhecedor dos multiversos da DC e qualquer militante Qanon sempre soube, Stalin não morreu; seu cérebro foi preservado e implantado num poderoso ciborgue pelo próprio Lex Luthor com financiamento da Hidra (já disseram que a Hidra não é da DC, e sim da Marvel, mas isso é ¨feiquenius¨).

Pois bem, o vazamento revela algo que tem imenso poder explicativo da realidade nacional. Boznowski – esse seu verdadeiro nome – foi treinado juntamente com Ramón Mercader, que ficou conhecido como “O homem que amava os cachorros” (por causa do livro homônimo do cubano Leonardo Padura). Ambos frequentaram a “dacha” de treinamento da (igualmente ativa) KGB nos subúrbios de Moscou e aprenderam a semear a confusão, o caos e a morte. O projeto era que um dos agentes fosse designado para semear o caos entre os apoiadores de Trotsky no México e nos Estados Unidos, matando o próprio (Trotsky) no final.

Já o outro seria enviado para abrir o caminho para a dominação do comunismo no Brasil. A ideia era fazer com que o agente responsável pelo Brasil se infiltrasse na extrema direita e fosse eleito presidente (com apoios que talvez sejam revelados nos próximos vazamentos). Seu governo tinha que ser incompetente, mas tão incompetente, causar tantas mortes que mesmo entusiásticos apoiadores iniciais ficariam envergonhados e teriam que abandonar o barco. Em suma, a extrema direita e, se possível, também a direita brasileira ficariam desmoralizadas por pelo menos 20 anos, permitindo a dominação comunista do Brasil.

Mercader acabou sendo escolhido para a missão no México; conseguiu se infiltrar dentre os apoiadores de Trotsky, conquistou a confiança da família e acabou matando Trotsky com uma picareta de alpinista.

Boznowski veio para o Brasil com instruções de desmoralizar a direita e os valores conservadores. Stalin mandou deixar pistas de suas intenções. Era preciso que ele dissesse, com antecedência, que viria para destruir. Por isso, durante sua carreira (toda planejada pela KGB) ele foi dizendo frases como: a ditadura matou pouco, tem que matar mais 30.000; tive quatro filhos, depois falhei e veio uma filha e coisas assim. Mesmo na campanha e durante o governo, ele diria coisas como: vim aqui para destruir, não sei o que fazer, não sou coveiro, #máscaranão etc. Na medida em que seus feitos fossem aparecendo, seus apoiadores mais oportunistas teriam que ser muito caras-de-pau para dizer que não sabiam; o que faria com que a desmoralização da extrema direita chegasse também aos oportunistas da direita.

Outro ponto salientado por Stalin era a necessidade de desmoralizar as forças armadas brasileiras. Era preciso humilhar generais, preferencialmente em público, arrastando-os de volta à cena política, vinculando-os aos piores fracassos do governo, debochando de suas capacidades de logística, fomentando a quebra da hierarquia, etc. Também era importante brigar com todos os parceiros internacionais do Brasil, xingar as mulheres de presidentes de outros países, ofender o pai da ex-presidente de outro, entregar o Itamaraty a alguém suficientemente alucinado para se orgulhar de ser um pária. Também era preciso brigar com os chineses, debochar de los Hermanos, questionar a eleição do presidente dos EUA. Em suma, o horrendo projeto comunista era que seu agente jogasse o Brasil na lama e, mesmo assim, continuasse a ter apoio da direita.

Mas o plano deu mais certo do que se pensava. Originalmente previsto para ser executado em quatro anos, já está atingindo seu ápice em dois, graças ao coronavírus e graças à extraordinária capacidade do agente, um gênio da raça, considerado o mais letal agente da KGB em mais de um século. Um detalhe não fazia parte do plano original. É que, com ciúmes da arma tão peculiar escolhida por seu colega Mercader (a tal picareta que matou Trotsky), Boznowski inventou métodos mais sofisticados de extermínio, receitando placebos para cuidar do vírus, atacando vacinas, olhando de longe enquanto pessoas morrem sem ar, ar que, segundo seu ministro da saúde, será providenciado na hora H.

A mensagem interceptada, aliás, tratava disso. Os interlocutores, embora comunistas, têm coração (graças a um erro no projeto de Luthor) e não estão entendendo nada. Não compreendem como, apesar dos excessos e desvios no plano original, ainda tem gente que o apoia. Chegaram à conclusão que seu agente está indo longe demais, que está matando gente demais. Combinaram de pedir que ele maneirasse. Com o vazamento das mensagens, serão obrigados a negar tudo e seu agente continuará solto…

Um último ponto: a mensagem também esclarece porque Mercader foi para o México e Boznowski para o Brasil: aqui era preciso alguém que não amasse nem os cachorros.

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Booktrailer do “O homem que amava os cachorros” clique aqui : https://www.youtube.com/watch?v=kOXocRsYLNU

Leia também a crônica política de humor publicada pelo jornalista Paulo de Tarso Riccordi, sob o título O gênio da logística contra a Covid-19.