A promiscuidade e trivialidade das relações de poder no mundo ocidental são o fio condutor de “A noite belga” de Halley Margon, que acaba de lançar na Espanha a versão em espanhol do livro. Na ocasião do lançamento no Brasil, publicamos uma interessante resenha sobre a publicação. Não será surpresa identificarmos muitas das ideias que deram origem a dezenas de artigos publicados aqui. Esta nova versão, traduzida por Aníbal Cristobo, tem sido elogiada e foi indicada como um dos principais lançamentos pela conceituada editora Zendalibros, cuja crítica reproduzimos abaixo.

A Noite Belga. Escritos sobre alienação e violência, última obra do romancista e crítico brasileiro Halley Margon (Catalão, Brasil, 1956), publicada em 2021 e recentemente traduzida para o espanhol por Aníbal Cristobo para a editora Kriller 71. Nesta espécie de diário de viagem de pulso sociológico e textura literária, Margon tenta traçar uma genealogia da violência que estrutura – ativa e passivamente, através da reificação das estruturas de consumo – a história recente do mundo ocidental.

A própria editora destaca: “Em 2019 – faltando apenas alguns meses para o advento da pandemia que paralisaria o mundo e nos manteria reclusos em nossas casas – Halley Margon empreende uma viagem por uma Europa crepuscular que também marca, além disso, o germe da escrita de A Noite Belga e a ampliação dos territórios possíveis para a reflexão do autor. De leste a oeste e de norte a sul, saltando de hemisfério em hemisfério e de época em época, este livro propõe uma viagem no tempo e no espaço. Atravessando um mar de estradas que se unem e se bifurcam sem levar a lugar nenhum, Margon adentra as entranhas do continente europeu e de seu passado para acabar transportando seus leitores por uma marcha que se estende até alcançar as sombras que habitam todo um mundo em desaparecimento.

Num inesgotável desdobramento de recursos, Margon tece uma rede de imagens e pensamentos nítidos e incisivos, que vão desde as sangrentas lutas de gladiadores, passando pelo tráfico de escravos nos navios negreiros ou pelo aparecimento dos serial killers nos Estados Unidos – e sua representação no cinema e na literatura – até fenômenos de massa como Spielberg ou as multimilionárias irmãs Kardashian, intercalando episódios de profusa análise historiográfica que se misturam a uma voz própria, aguda, cheia de raiva e, por vezes, de melancolia. Imersos em contínuas digressões que se entrelaçam para formar a nossa história recente e antiga, encontramo-nos face a face com um discurso que luta por dissecar as relações de poder e os mecanismos que as tornam não só possíveis, mas familiares e naturais”. (Resenha publicada originalmente em espanhol pelo blog Zenda – Autores e companhia).

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Ilustração: Mihai Cauli
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